quinta-feira, março 30, 2006
quinta-feira, março 23, 2006
MARY HEEBNER: AS ENTRANHAS DO MUNDO
“Suppose that everything that's happened to me or to you
left a mark, a smudge of color, a scant trace of shadow or light.”
Mary Heebner
LUGARES:
Outer Hebrides: Red Swale, acrylic and metallic pigment on Arches paper, 30" x 40"
O CORPO:
PELE
Skin II
raw pigments, acrylic and graphite on handmade,
overbeaten, abaca paper 35" x 13"
Skin III
raw pigments, acrylic and graphite on handmade,
overbeaten, abaca paper 35" x 13"
MAPAS DO CÉU E DA TERRA:
First Moon Passage 2: 30" x 22", charcoal, canvas, acrylic,
pastel, rag and japanese paper
Dune #3, indigo watercolor on Spiritual paper, 7 3/4" x 8 1/2"
Mary Heebner 2000
left a mark, a smudge of color, a scant trace of shadow or light.”
Mary Heebner
LUGARES:
Outer Hebrides: Red Swale, acrylic and metallic pigment on Arches paper, 30" x 40"
O CORPO:
PELE
Skin II
raw pigments, acrylic and graphite on handmade,
overbeaten, abaca paper 35" x 13"
Skin III
raw pigments, acrylic and graphite on handmade,
overbeaten, abaca paper 35" x 13"
MAPAS DO CÉU E DA TERRA:
First Moon Passage 2: 30" x 22", charcoal, canvas, acrylic,
pastel, rag and japanese paper
Dune #3, indigo watercolor on Spiritual paper, 7 3/4" x 8 1/2"
Mary Heebner 2000
quarta-feira, março 22, 2006
ALDA MERINI: CORPO, LUDÍBRIO CINZENTO
No portão amontoam-se as vítimas
rostos nus e perfeitos
fechados na ignorância,
mãos paradoxais
agarradas a um ferro,
e lá fora o comboio que passa
soalheiro leve,
um estrondo de luz própria
sobre a minha margem ofendida.
Chega a manhã azul
Ao nosso pavilhão:
Nos bancos de sol
E de áspera madeira
Sentam-se os doentes, nada têm a dizer,
Também eles cheiram a madeira,
Não têm ossos nem vida,
Ali ficam com as mãos pregadas ao ventre
De olhos fixos na terra.
Caí numa armadilha profunda
Como dentro de um poço lodoso.
Ó quem poderá salvar-me desta imagem ardilosa
que assombra um amor movediço?
No fundo do poço há junquilhos de sombras
E o meu grito domina as águas.
O camaleão vigoroso observa das hórridas plantas
Este meu precipício secreto.
(poemas de Alda Merini, excertos de “A TERRA SANTA”, Edições cotovia, Lisboa 2004)
fotografias de Marcello Bonfanti - Portrait of a Poetess
terça-feira, março 21, 2006
segunda-feira, outubro 31, 2005
TIAGO ARAÚJO: FÓRMULAS
Fórmulas
1.
1.
(…)
treinei este corpo para o movimento perpétuo
reconstruí-o como uma máquina
estanque
com um coração no centro
a pele isoladora.
deitado sobre um muro de pedra
para assistir ao extinguir
da última estrela.
mas o vento atravessa a porosidade do corpo
e descubro que o universo nos devolve sempre um pouco menos
de calor
do que o calor que lhe damos
na chama dos poros e
na respiração da manhã.
arrefeço e
alguém me põe um casaco sobre os ombros
e as mãos.
reconstruí-o como uma máquina
estanque
com um coração no centro
a pele isoladora.
deitado sobre um muro de pedra
para assistir ao extinguir
da última estrela.
mas o vento atravessa a porosidade do corpo
e descubro que o universo nos devolve sempre um pouco menos
de calor
do que o calor que lhe damos
na chama dos poros e
na respiração da manhã.
arrefeço e
alguém me põe um casaco sobre os ombros
e as mãos.
Tiago Araújo, Fórmulas, Edições Quasi, Maio 2004
sábado, outubro 29, 2005
DO SANGUE
O sangue não carboniza os sons para que os aguarde –
As brasas na garganta
A voz não se funde mesmo sendo
O mineral que fere
Acrescento terra sucessiva sobre os lábios
Mas não encontro o sopro por onde de novo
O barro possa aspirar-me ao segredo
Do húmus. E necessito tanto
Do subsolo. Como se fora
O grão ou os sismos
Daniel Faria, Dos Líquidos, Edições Quasi, Maio 2003
Yamou, Évald /1Sable, terre et métal sur bois,106 x 72 cm, collection particulière.Sand, earth and metal on wood412/3” x 281/3”, private collection.1991
Yamou, FourcheTerre et fourche sur bois, 160 x 122 cm. Collection Musée de Marrakech.Earth and pitchfork on wood, 63” x 48”, Marrakech Museum Collection.1991
Yamou, ZapataTerre et charbon sur bois, 125 x 80 cm. Earth and charcoal on wood, 49” x 31”, 1991
As brasas na garganta
A voz não se funde mesmo sendo
O mineral que fere
Acrescento terra sucessiva sobre os lábios
Mas não encontro o sopro por onde de novo
O barro possa aspirar-me ao segredo
Do húmus. E necessito tanto
Do subsolo. Como se fora
O grão ou os sismos
Daniel Faria, Dos Líquidos, Edições Quasi, Maio 2003
Yamou, Évald /1Sable, terre et métal sur bois,106 x 72 cm, collection particulière.Sand, earth and metal on wood412/3” x 281/3”, private collection.1991
Yamou, FourcheTerre et fourche sur bois, 160 x 122 cm. Collection Musée de Marrakech.Earth and pitchfork on wood, 63” x 48”, Marrakech Museum Collection.1991
Yamou, ZapataTerre et charbon sur bois, 125 x 80 cm. Earth and charcoal on wood, 49” x 31”, 1991