ALDA MERINI: CORPO, LUDÍBRIO CINZENTO
No portão amontoam-se as vítimas
rostos nus e perfeitos
fechados na ignorância,
mãos paradoxais
agarradas a um ferro,
e lá fora o comboio que passa
soalheiro leve,
um estrondo de luz própria
sobre a minha margem ofendida.
Chega a manhã azul
Ao nosso pavilhão:
Nos bancos de sol
E de áspera madeira
Sentam-se os doentes, nada têm a dizer,
Também eles cheiram a madeira,
Não têm ossos nem vida,
Ali ficam com as mãos pregadas ao ventre
De olhos fixos na terra.
Caí numa armadilha profunda
Como dentro de um poço lodoso.
Ó quem poderá salvar-me desta imagem ardilosa
que assombra um amor movediço?
No fundo do poço há junquilhos de sombras
E o meu grito domina as águas.
O camaleão vigoroso observa das hórridas plantas
Este meu precipício secreto.
(poemas de Alda Merini, excertos de “A TERRA SANTA”, Edições cotovia, Lisboa 2004)
fotografias de Marcello Bonfanti - Portrait of a Poetess
2 Comments:
tenho mesmo que ler mais poemas dela.
estou arrepiada.
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